sexta-feira, 11 de setembro de 2009

PARÓQUIA DE TELHADO: ESTÁ A FICAR "DOENTE"?

Nos meus artigos tenho falado em mudança…
Tenho procurado deixar claro que não me refiro politicamente tal como alguns leitores dizem aí pela freguesia. Primeiro se quisesse tomar uma opção política ter-me-ia envolvido e candidatado tal como todo e qualquer cidadão tem esse direito que lhe é conferido constitucionalmente: “Todos os cidadão têm direito de tomar parte na vida política e na direcção dos assuntos públicos do país, directamente ou por intermédio de representantes livremente eleitos” (n.º 1, Art.º 48.º da CRP).
Mas as minhas reflexões são claras e apontam a necessidade de mudança na vida da paróquia, sua organização, estrutura e funcionamento.
Paróquia e freguesia são conceitos diferentes. Freguesia é uma divisão administrativa cujo responsável é o Presidente da Junta eleito democraticamente.
A paróquia, é a comunidade dos fiéis submetida ao pároco, ou por outra, é o território sobre o qual se estende a jurisdição do pároco. Mas é muito mais do que isso: A paróquia é comunidade de fé, uma comunidade orgânica, na qual o pároco, que representa o bispo diocesano, é o vínculo hierárquico com toda a Igreja particular" (Christifideles laici, 26).
Até ao Liberalismo, “freguesia” e “paróquia” são sinónimos (à semelhança de “concelho” e “município”), não havendo uma estrutura civil separada da estrutura eclesiástica. Nesses tempos, o termo «freguês» servia indistintamente para designar os paroquianos, que eram «fregueses», por assim dizer, do pároco. Segundo a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, a origem da palavra freguesia «que parece mais provável» é a derivação, por corruptela, da expressão «filius ecclesiae», isto é, o conjunto dos «filhos da igreja», dos crentes.
Com a reforma administrativa de 18 de Julho de 1835, surge a estrutura civil da Junta de Paróquia, autonomizada da estrutura eclesiástica; os seus limites territoriais, no entanto, eram geralmente coincidentes com a das paróquias eclesiásticas que vinham desde a Idade Média. Com a Lei n.º 621, de 23 de Junho de 1916, as paróquias civis passam a designar-se freguesias (e a Junta de Paróquia passa a designar-se Junta de Freguesia), fixando-se assim a diferença entre a estrutura civil (freguesia) e a estrutura eclesiástica (paróquia); no entanto, em linguagem popular, é vulgar falar da pertença a determinada freguesia quando, de facto, se pretende falar da pertença a uma comunidade paroquiana.
Depois deste breve enquadramento histórico……
No Bolg Padre inquieto encontrei esta interrogação: O que é uma verdadeira paróquia?
"O que faz uma paróquia é a corresponsabilidade dos seus membros" - D. Albino CletoEm primeiro lugar, tem de haver fiéis! Em segundo, haver fiéis leigos dispostos a assumir a sua responsabilidades e sacerdotes dispostos a dar-lhes o que eles tÊm direito!
E em terceiro, que todos se sintam corresponsveis, cada um segundo a sua condição e as suas capacidades, para assumirem as suas obrigações no campo da evangelização, do culto e da caridade. Será que muitas terras que, hoje, são paróquias têm as condições mínimas para continuarem a existir como paróquias? http://padre-inquieto.blogspot.com/2008/01/o-que-uma-verdadeira-parquia.html

Como membro desta comunidade considero que caminhamos já num deserto profundo. Preocupa-me ver cada vez menos cristãos a participar na eucaristia dominical da paróquia. Julgo que está na hora de analisar as causas, os verdadeiros motivos que leva muitos cristãos de Telhado a deixar de frequentar a vida da paróquia. Alguns continuam a ir à missa, à matriz de Famalicão, Braga, Sameiro. Mas porquê?
É pelos horários? Quanto à eucaristia das 7h00, não tenho dúvidas que um dos motivos é o horário. Julgo que Telhado continua a ser uma das raras comunidades a ter missa dominical quase de madrugada. Por isso, alguns cristãos, ainda “passam pelas brasas” durante as homilias.
É a desmotivação? O desinteresse? O cansaço? A falta de vontade? A falta de fé? São interrogações que considero pertinentes. Esta apatia, este "deixa andar" inquietam-me. Não me preocupa aqueles que já fazem parte e participam nas actividads da comunidade. Preocupa-me, sim, aqueles que a pouco e pouco abandonam a paróquia. O rebanho começa a dispersar-se, as ovelhas tresmalham-se, perdem-se? Porque não fazemos como Cristo que vai à procura da ovelha perdida. Pois, apesar de ser uma só que se perdeu, foi ao seu encontro.
Afinal o que se passa nesta paróquia? Julgo que muitos ainda não compreenderam que a Paróquia de Telhado está a ficar “doente”. Todos o sabemos. Muitas são as receitas e as soluções para a cura. Mas somos maus doentes. Compramos o medicamento e não cumprimos com a prescrição médica. Pomos a caixa na prateleira e tomamos quando doer mesmo a sério. Esperemos que a doença seja benigna. Pois caso contrário pode levar à morte.
O que vai ser da paróquia de Telhado? Não vejo vontade, para dialogar, para resolver os problemas. Ou estou equivocado? Já por diversas vezes o disse que vejo nas pessoas de Telhado uma ânsia de fazer, de trabalhar. E tantas coisas são necessárias fazer na paróquia. Mais triste fico quando faço a comparação com outras paróquias do Arciprestado. Telhado tem melhores condições estruturais, materiais e geográficas que muitas dessas paróquias. No entanto, ainda não conseguimos acabar o salão paroquial. Porquê?
Um problema é a falta de diálogo.
A palavra «diálogo» resulta da fusão de duas palavras gregas: «Dia» e «Logos». «Dia» é uma preposição que significa «por meio de», e «logos», = «palavra», «verbo». Assim, o diálogo é uma forma de fazer circular sentidos e significados entre as pessoas através das palavras. Dialogar significa unir e ligar as pessoas. Mas tendo ideias diferentes posso dialogar para ir ao encontro do outro.
Quando há diálogo não há vencedores nem vencidos. A finalidade do diálogo é observar e participar para aprender pela compreensão. Quem entra num diálogo não pode ser com o intuito de ganhar mas para completar, acrescentar o que foi dito pelo outro.
“Daí que o diálogo é um momento mágico, onde crescemos e fazemos crescer, onde descobrimos e ajudamos a descobrir, onde derrubamos muros e construímos pontes, onde ninguém perde mas ambos ganham. Por isso mesmo o diálogo é como que um remédio santo para problemas pessoais, familiares e sociais. Precisamos, urgentemente, destes momentos mágicos que não só permitem a com)vivência, mas serão a base para a construção da verdadeira paz e harmonia.”
“Dialogar é ter a capacidade de amar, simpatizar e sintonizar com o outro; é ter a capacidade de respeitar e confiar no outro, sendo autêntico e capaz de ouvir antes de falar; é ser capaz de dar-se a conhecer e conhecer dizendo a verdade na caridade; é ter a capacidade de se «pôr» na pele do outro, não impondo, mas propondo o nosso ponto de vista. Daí que para o diálogo acontecer são necessárias algumas qualidades, como humildade, paciência, serenidade, sinceridade, lealdade e respeito. Por outro lado, a falta de confiança e de tempo, a ignorância e as atitudes preconceituosas e prepotentes apresentam-se como os maiores obstáculos à prática do diálogo.”
Não resisti a transcrever estes dois parágrafos. Vale a pena ler o texto completo sobre o diálogo em:
http://www.abcdacatequese.com/evangelizacao/catequese/374-dialogar-e-ligar

Caros leitores e Senhor Pe. Carneiro, é preciso mudar a paróquia.
E o primeiro passo começa por esta coisa tão simples: DIALOGAR!.

1 comentário:

Anónimo disse...

Como acaba o seu artigo, começo por dizer que será muito dificil dialogar nesta freguesia, ou fazer o que quer que seja, já que temos um entrave "enorme".

Confesso que não vou à missa aqui na paróquia, mas mesmo por falta de motivação...Ainda me lembro do tempo em que havia um grupo de jovens que queria fazer algo para mudar isto, como criar um grupo dinâmico para cantar nas missas,integrando vários instrumentos como por exemplo a viola, e não vejo nada de mal nisso, mas havia alguém que não gostava, e não deixava, e lá este projecto foi mais uma vez por água abaixo..

Será mesmo urgente mudar algo na freguesia, senao acaba mesmo por cair num marasmo....

 

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