sábado, 29 de janeiro de 2011

DIA MUNDIAL DOS LEPROSOS

No último Domingo de Janeiro de cada ano, é celebrado o Dia Mundial dos Leprosos. Este ano acontece no dia 30. Este dia foi instituído pela ONU, em 1954, a pedido de Raoul Follereau, o Apóstolo dos Leprosos do século XX. Raoul Follereau (1903/1977) dedicou 50 anos da sua vida à causa dos Leprosos “os mais pobres dos pobres”, como ele os definia, orientando a sua acção sob a mensagem “combater a Lepra e todas as causas de exclusão social”.
A lepra (hanseníase, morfeia, mal de Hansen, mal de Lázaro), é uma doença infecciosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae que afecta os nervos e a pele e que provoca danos severos. O nome hanseníase é devido ao descobridor do microrganismo causador da doença Gerhard Hansen. É chamada de "a doença mais antiga do mundo", afectando a humanidade há pelo menos 4000 anos e sendo os primeiros registos escritos conhecidos encontrados no Egito, datando de 1350 a.C.
Se a lepra for diagnosticada e tratada atempadamente, evita-se a formação de úlceras, a afectação do sistema nervoso periférico, a produção de lesões nos pés, nas mãos e pode evitar a cegueira.
Actualmente há tratamento e cura para a doença. Até 1941 não existia qualquer remédio para a lepra.
Números: mais de 10 milhões é o número de pessoas afectadas pela lepra, curadas ou não. Todos os anos surgem 400/500 mil novos casos. Tratamento: Cinco milhões encontram-se em tratamento. Em Portugal: há cerca de mil pessoas que tiveram ou têm lepra.
A Lepra na Bíblia:
A Bíblia é uma riquíssima fonte sobre a lepra, como também sobre os leprosos e as formas usadas para impossibilitar que o acometido pelo “pecado” fosse transmissor da moléstia. Lemos no Levítico; 13, 45- 4, que: “Quem for declarado leproso, deverá andar com as roupas rasgadas e despenteado, com a barba coberta e gritando: “Impuro! Impuro!” Viverá separado e morará fora do acampamento”.
No livro dos Números; 5, 1-3 está escrito:
Javé falou a Moisés: “Ordene aos filhos de Israel que expulsem do acampamento os leprosos, os que têm gonorréia e os que se contaminaram com cadáveres. Homens ou mulheres serão todos expulsos do acampamento, no meio do qual eu moro”.
O leproso além da desintegração física, a exclusão social eraconsiderada uma maldição divina, castigo pelo pecado. Era uma impureza.
No Novo Testamento, podemos ver que Jesus cura vários leprosos. ( Lucas 17, 11-19 e Marcos 1, 40-45). Abeiravam-se de Jeus e suplicavam: “Jesus, Mestre tem compaixão de nós”.
Na Idade Média, os leprosos eram isolados em leprosarias ou gafarias e obrigados a carregar sinos para anunciar a sua presença.
Em Portugal, não era obrigatório viver nas gafarias mas tinham que viver isolados, em locais por eles escolhidos e podiam pedir esmola desde que avisassem, para o que tocavam uma espécie de castanholas, para todos saberem que eles se aproximavam. Houve épocas em que tinham que andar vestidos todos de negro, com duas mãos brancas cosidas no peito e um grande chapéu preto também com uma fita branca. Contudo não podiam comer ou dormir na companhia de pessoas saudáveis e não podiam ser eclesiásticos.




Ao Falar-se de Leprosos temos que referir o Padre Damião, nascido na Bélgica em1840. Aos 33 anos de idade, foi como missionário para a Ilha de Molokai (Havai), onde o governo confinava os doentes com lepra.
Após 16 anos a atender heroicamente os leprosos, cuidar das suas almas, lavar as chagas, distribuir remédios e encorajar os doentes a não perderem o senso da dignidade humana. Morreu também leproso no dia 15 de Abril de 1889, aos 49 anos. Mil doentes de lepra o enterraram aos pés de uma árvore. Seguindo o exemplo de Jesus, “amou-os até ao fim”, dando a vida por eles.
Após a sua morte foi considerado como um modelo e um herói da caridade. Ele se identificou de tal modo com os leprosos a ponto de usar a expressão "nós, os leprosos" mesmo antes de contrair a doença. Por isso continua a inspirar milhares de crentes e não crentes, que querem imitá-lo e tentam descobrir a fonte de seu heroísmo.

O Padre Damião foi Beatificado pelo Papa João Paulo II, em 05 de Junho de 1995 e declarado Santo pelo Papa Bento XVI no dia 11 de Outubro de 2009, na praça de São Pedro, no Vaticano.


A LEPRA NA EUROPA E EM PORTUGAL

A primeira gafaria de que há notícia na Europa, refere-se ao ano de 460 e situava-se em Saint Oyan.
No concílio de Orleans, em 549, foi imposta aos bispos a obrigação de se ocuparem da assistência aos leprosos nas suas dioceses. No que se refere à península ibérica, a primeira notícia remonta ao século VI e à cura milagrosa de um leproso na Galiza.
Diz-se habitualmente que a primeira gafaria da península ibérica foi criada em Valência em 1037, por El Cid, mas no que respeita ao território que haveria de ser Portugal, as primeiras referências são de 950 e 968, em que «se pede a doença como castigo de quem não cumprisse o estipulado». E, sabe-se que em 1107 foi feita uma doação ao convento de Paço de Soure para que se tratassem os leprosos. Em Portugal, nesse tempo, a lepra não atingia tanta gente como noutros países, embora houvesse bastantes leprosos. Sabe-se que só em França, no século XIII, havia duas mil gafarias e na Europa havia mais de dezanove mil.
As gafarias situavam-se fora das povoações, geralmente em lugares elevados, e os leprosos viviam aí, fora do convívio comum. Portugal foi sempre terra de brandos costumes. Enquanto na Europa eles eram proibidos de coisas elementares, como casar ou fazer testamento, por exemplo, aqui as limitações eram mínimas e nem sequer era obrigatório o internamento em gafaria; este era voluntário ou decidido pela família.
Claro que os que recusavam viver nas gafarias tinham que viver igualmente isolados, mas em locais por eles escolhidos e podiam pedir esmola desde que avisassem, para o que tocavam uma espécie de castanholas, para todos saberem que eles se aproximavam. Houve épocas em que tinham que andar vestidos todos de negro, com duas mãos brancas cosidas no peito e um grande chapéu preto também com uma fita branca. Contudo não podiam comer ou dormir na companhia de pessoas saudáveis e não podiam ser eclesiásticos

Havia gafarias situadas junto de fontes de águas termais porque se pensava que essas águas eram boas para o tratamento. As mais procuradas eram as de Aljustrel e as de S. Pedro do Sul.

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