Portugal está a caminhar para dias
muito difíceis. Há um mês, o povo veio para a rua demonstrar aos políticos que
o povo é sereno, é capaz de suportar sacrifícios, mas com limites e com
equidade. Todos estamos cansados de ouvir falar de crise.
Até agora, os políticos gastaram o
nosso dinheiro, em construções megalómanas, estradas e auto-estradas paralelas,
festas e festanças, foguetórios. Havia dinheiro para tudo.
Ao longo de 30 anos foi gastar por
conta. Em
2005, Durão Barroso, diz que o país está de tanga e “foge” para um “tacho” que
lhe dá mais dinheiro e regalias. Aliás, Miguel de Sousa Tavares escrevia
recentemente: “Durão Barroso é uma espécie de
cata-vento da impotência e incompetência dos dirigentes europeus. Todas as
semanas ele cheira o vento e vira-se para o lado de onde ele sopra”
Na nossa sociedade, infelizmente, há
muitos cata-ventos. Viram-se conforme lhes dá jeito. Batem palmadinhas nas
costas, dizem que sim por conveniência, aparecem e desaparecem como o fumo.
Esses andam atrás do interesse próprio sem dar nada à sociedade. Aparecem com
sorrisos falsos; falam só o que lhes convém; dizem palavras bonitas mas ocas de
sentido porque a sua vida é em tudo contrária áquilo que afirmam. Alguns são
verdadeiros lobos com peles de cordeiro. Disfarçam-se e enganam. Na hora de
“dar o corpo ao manifesto”, abandonam e batem com a porta. O filho pródigo
regressa à casa do Pai, arrependido. Mas esses regressam para a fotografia,
para limpar a sua imagem; alguns defendem, convivem, pactuam com aqueles de que
outrora, criticavam e andavam de candeias às avessas. Aqueles que se dizem
lideres, responsáveis têm tentado adormecer o povo. Até preferem um povo que
não pense, não discuta, não reivindique. Alguns tentam demonstrar que está tudo
bem, e que o mal e o problema são os outros; esses responsáveis dizem-se que
estão no bom caminho, que a verdade está do seu lado e que procuram o bem para
todos.
Acordai! Não é esta a realidade em que vivemos?
Os últimos anos foram de um desgoverno
completo. Não havia dinheiro mas era preciso mostrar obra. Logo criaram-se mais
PPP (Parcerias públicas Privadas). Com o aumento destas e a obrigatoriedade de
as cumprir, os políticos hipotecaram o futuro de Portugal e dos portugueses com
engenharias financeiras. Chegou a de pagar, logo o povo tem que pagar.
No dia 10 um sr. deputado e ex-secretário
das obras públicas vem referir na TV “tenho 47 anos e neste momento sou apoiado
pelos meus pais”. É lamentável que um representante do povo desrespeite
aqueles que sobrevivem com pouco mais de 200€. É este tipo de políticos que
governam o nosso país!?
Os políticos não estão interessados em
resolver o problema do povo. Agora que começam a falar em redução do número dos
deputados, já ninguém quer perder o lugar. Agora argumentam que os partidos
pequenos serão os prejudicados. Pura mentira.
É uma questão de matemática e de
proporcionalidade. Eles não querem falar de coisas sérias da perda das suas
regalias. Muitos
dos leitores dirão que não vale a pena
chover no molhado. Errado, na minha opinião, aquele que tiver consciência não
pode ficar calado. Todos devem exercer o seu direito de cidadão, de pensar, de
agir, de exigir, de reivindicar justiça. Ficar calado é lavar as mãos como fez
Pilatos. Calar é consentir. Calar é pactuar. Calar é fazer silêncio por
interesse. E aqueles que se refugiam no silêncio é porque são cobardes,
egoístas e não lhes convém demonstrar o que pensam.
A IGREJA E A CRISE
São muitos os cristãos deste país que
no seu dia-a-dia, voluntariamente, em muitas instituições fazem a sua caridade,
isto é, generosamente, amam o próximo, dando um pouco de si mesmo. São muitas
as Instituições que no plano social matam a fome a muitas famílias que, nestes
tempos, atravessam muitas dificuldades. Este é o plano de acção, no terreno de
muitos cristãos. Aqui a Igreja tem tido um papel fundamental. Mas não podemos
esquecer que há muitas outras instituições e particulares, da sociedade civil,
que também dão ajuda aos mais necessitados. Mas sem dúvida, a Igreja, é aquela
que tem uma maior rede de apoio, onde tem demonstrado a sua capacidade e
generosidade.
E onde está A IGREJA na sua intervenção cívica?
Outro plano social da igreja é a sua
intervenção. Não política mas cívica em prol dos mais desprotegidos (crianças,
doentes, idosos). São poucas as vozes da da Igreja que ousam apontar o dedo na
ferida. Muitos de nós temos presente a crise na década de 80 e o papel de D.
Manuel Martins, bispo de Setúbal.
Interveio na sua diocese contra a
miséria, a fome, o desemprego. Ele foi chamado o “bispo vermelho”, porque era
uma voz incómoda para o poder. Aliás, D. Manuel Martins, em 02-10-2012, em
relação a esta crise escrevia: “Vamos
ultrapassar… Para tanto, temos que descer todos a terreno, temos que acordar
(“Acordai!”), sobretudo para pedirmos aos responsáveis que assumam a sua culpa
e lancem mão às ferramentas da luta”.
Ramalho Eanes, em entrevista à Rádio
renascença, afirma: “acho que a Igreja
deveria ter uma voz mais activa”, no que se refere à intervenção cívica.
Posição contrária é a do cardeal, D.
José Policarpo que entende que o papel da igreja “é desafiar os nossos cristãos a estar atentos em vez de tomar posição
solene de condenação governativas”. Mas Ramalho Eanes defende que: “Quando alguns dos filhos de Deus e alguns
dos irmãos estiverem em grande sofrimento, a igreja tem que os defender. A
igreja tem que ter uma voz”.
D. Januário Torgal Ferreira, bispo das
forças armadas é uma das vozes que se levanta contra as injustiças e
desigualdades. Recentemente, numa entrevista à TSF dizia: “não é com
austeridade que se salva o país” e “se
o primeiro-ministro vai em frente, deixa o país fortemente desgraçado”, ou
melhor “uma parte do país”.
Como referiu D. Jorge Ortiga, “não sei até que ponto este povo de brandos costumes poderá aguentar
durante muito tempo”.
Por isso, ACORDA !!!! Não te deixes enganar nem influenciar.
(Artigo escrito sem aplicar o acordo
ortográfico)