Nos últimos tempos tenho verificado que sou uma voz incómoda e até um verdadeiro impecilho para algumas pessoas. Mas não posso pactuar com determinadas acções e atitudes e fazer de conta que nada se passa.
Para alguns, nomeadamente, o pároco, sou um verdadeiro estorvo. Por ele, eu já não estaria à frente do Coral. Basta estar atento para o que tem sucedido desde o dia de Todos os Santos. Mas não serão as suas atitudes que me afastarão daquilo que gosto de fazer. Muitas outras coisas têm ficado por concretizar por impedimentos do nosso pároco, mas não as vou trazer hoje para aqui.
Prefiro falar de coisas bem mais graves e sérias que me preocupam e que deveriam importunar as consciências de todos os Telhadenses.
Adro da Igreja
Muito se tem falado a respeito do adro e sua remodelação. Hoje em dia está em moda falar-se em centro cívico. O que não considero totalmente correcto, mas não me preocupa: é uma questão de nome. Coisa diferente é a de quem exerce o domínio sobre o adro, isto é, quem exerce ou exercerá o direito de propriedade sobre aquele. Não me deterei sobre este pormenor, que é muito importante, e julgo ser o principal factor de guerras em muitas paróquias, nomeadamente, Telhado.
Relativamente ao adro da igreja dizem que havia um projecto para este espaço. Eu nunca o vi. Mas também não tenho que o ver, pois não faço parte da Fábrica da Igreja.
Entendo que quando estamos perante um projecto de um espaço emblemático da freguesia, tal como é o adro, deveria ir a discussão pública para que todos tomassem conhecimento e até se pronunciassem sobre o mesmo. Não significa que tais opiniões tivessem que ser acatadas ou tidas em conta mas, se fossem válidas e pertinentes deveriam ser tidas em consideração.
Quanto a esse projecto, sei daquilo que se vai dizendo por aí. E nem tudo o que se consta é verdade. Porque, nenhuma das entidades envolvidas, que eu tenha conhecimento, colocou à disposição do público o projecto.
Mas uma coisa é certa, o adro tal como está, é uma vergonha. Mais, é inaceitável que não haja seriedade e responsabilidade para resolver este problema. As entidades estão de costas voltadas. Mas afinal quem é o culpado ou culpados?: Câmara Municipal? Junta de Freguesia? Pároco? Fábrica da Igreja?
Esta atitude está a prejudicar a evolução da freguesia. E o marasmo de que tenho vindo a falar permanece e arrasta-se. Cada entidade olha para o seu umbigo e os seus interesses sem colocar em cima da mesa o bem comum.
Cada um está preocupado em quem manda ou vai mandar no Adro; E o futuro da paróquia, não conta? E as pessoas? Porque continua o adro sem solução à vista? O que é mais importante: os interesses da freguesia ou os interesses pessoais? O que deve prevalecer?
Telhado é quase uma das únicas freguesias que continua com este problema por resolver. Parece que as entidades envolvidas não querem ultrapassar os obstáculos.
Destruir coreto do adro?
Discute-se por aí que no dito projecto o Coreto iria ser retirado. Uns, dizem que o coreto que não deve ser destruído; para outros, não faz falta nenhuma; e há aqueles que defendem o coreto como uma verdadeira relíquia.
O que eu penso: O coreto era um espaço onde as bandas de música actuavam. Hoje em dia, o coreto é insuficiente para uma banda actuar. Olhando o coreto não vejo valor artístico, patrimonial ou histórico. Podemos falar em valor sentimental. Em respeito por quem o construiu e pagou. Mas para mim não é relíquia nenhuma.
Temos na paróquia verdadeiras relíquias, mas essas estão votadas ao abandono ou esquecidas. E posso colocar aqui algumas: O órgão de Tubos que, apesar de ter sido reparado, continua sem poder ser usado porque não foi concluída a reparação, continua desafinado; O harmónio (com características raras, nomeadamente, transposição através do teclado, e poucos existem em Portugal como aquele) está por aí…; E o que se tem feito pela Via- Sacra que vai da Igreja ao Calvário? Relógio da torre......E porque nunca se iluminou a igreja exteriormente quando até já foi oferecido o dinheiro para tal ou pelo menos existe e está à espera de autorização? Já nem preciso falar na talha dourada da igreja do Altar-Mor ou até mesmo a residência paroquial.
O Património Humano desta terra tem sido desprezado, menosprezado, amesquinhado e vexado. A unidade desta terra tem sido destruída; a solidariedade que existia pouca subsiste; o diálogo foi pelas águas do rio que começam a ficar poluídas. Parece que há pessoas que estão interessadas em que tudo acabe ou pelo menos afastar quem procura fazer algo de útil por Telhado.
É isto que me preocupa. Mas, à minha volta vejo e continuo a assistir muitos dos leitores a dizer mal, a criticar, mas ninguém toma uma atitude. Não podemos ocultar ou esconder. Não podemos temer a verdade.
Se a remodelação do adro implicar a destruição do coreto para termos uma Adro capaz de responder às necessidades futuras e evitar o que aconteceu com a construção do salão, então destrua-se. Respeito outras opiniões, mas entendo que não podemos ser levados por sentimentalismos quando está em causa uma obra que vai dignificar toda a envolvência da igreja. E, sinceramente, isto não pode continuar assim por muito mais tempo. Decidam-se e sejam responsáveis!
É de lamentar que a vontade de algumas pessoas prejudique a freguesia. E mais curioso é que este povo de Telhado está impávido e sereno. Já nada o incomoda. As autoridades superiores, essas preferem calar, encobrir para não haver escândalos. Eles sabem mas fazem de conta. Batem umas palmadinhas nas costas e tudo continua na mesma. É mais fácil sorrir, ser simpático, bonzinho e parecer que se faz muita coisa. Dirão que não tinham conhecimento que não havia alternativa. Mas será tarde.
Haja bom senso nesta terra. Muitas freguesias por esse Portugal gostariam de ter a generosidade que esta gente de Telhado tem, as condições, as vontades, enfim... E Telhado cheio de sinergias e recursos humanos e até financeiros mas, por causa de algumas pessoas continuamos a ficar para trás.
Acordem. Façamos alguma coisa por Telhado. Por este caminho o futuro está negro. Será bem pior que o do país. Reafirmo o título deste artigo: O Adro da Igreja não tem solução porque as pessoas envolvidas não querem e muito menos estão interessadas no bem da comunidade e no seu progresso. Chega de desleixo pelo património humano, cultural, imobiliário e artístico que há nesta freguesia.